Bancos deverão manter critérios de aprovação e travar crédito à habitação

O Banco de Portugal (BdP) anunciou que os bancos deverão manter os critérios de aprovação de créditos no terceiro trimestre, mas a maioria das instituições prevê critérios de concessão mais restritivos a particulares.
Numa altura em que o crédito à habitação está a dar fortes sinais de recuperação, os bancos portugueses tencionam avançar com “critérios de concessão mais restritivos”; pelo menos é esta a intenção manifestada por cinco bancos que responderam ao inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, conduzido pelo Banco de Portugal.
O governador do BdP recomenda a atribuição de novos créditos apenas a clientes que gastem até 50% do seu rendimento líquido com as prestações mensais de todos os empréstimos detidos (habitação e consumo).
Segundo Carla Maia Santos (senior broker da XTB), estas restrições podem pôr um travão à “bolha imobiliária”. “Estas novas restrições levarão a uma diminuição da procura de imóveis para compra, podendo limitar a subida do preço das casas, com a diminuição da sua procura. No entanto, o mercado de arrendamento encontrará mais procura. Haverá uma transferência da procura de imóveis da compra para o arrendamento. Quem ganha são os proprietários já existentes”, diz ao jornal i.
A previsão do BdP consta dos resultados do inquérito de julho a cinco bancos sobre o mercado de crédito.
No segmento dos particulares, a maioria das instituições antevê critérios de concessão mais restritivos em ambos os segmentos de crédito, embora a generalidade dos bancos antecipe que a procura de crédito verá permanecer “praticamente inalterada”.
Do lado da procura, três instituições preveem que a procura de empréstimos ou linhas de crédito por parte das empresas permaneça “relativamente estável” e duas instituições anteveem que aumente “ligeiramente”, refere.
Sobre o segundo trimestre do ano, os resultados do inquérito mostram que os critérios permaneceram praticamente inalterados face aos aplicados no primeiro trimestre do ano.
“Também os termos e condições que vigoraram neste trimestre se mantiveram, de um modo geral, estáveis, tanto para as empresas como para os particulares”, refere.
As alterações assinaladas na oferta de crédito, designadamente a diminuição dos ‘spreads’ aplicados nos empréstimos de risco médio, foram sobretudo justificadas por pressões da concorrência e por uma avaliação mais favorável dos riscos, sinaliza o BdP.
Quanto à procura de crédito por parte das empresas e de particulares, a maioria dos bancos não assinalou alterações de relevo.
“Não obstante, para as empresas, um banco reportou um ligeiro aumento da procura, transversal a grandes e pequenas e médias empresas (PME) e em empréstimos de curto e de longo prazo”, indicou.
“Outro banco sinalizou idêntica evolução, mas apenas no segmento das grandes empresas e em empréstimos de longo prazo. No crédito a particulares, dois bancos assinalaram um ligeiro aumento da procura de crédito para aquisição de habitação, tendo um dos bancos reportado uma evolução idêntica no segmento do crédito ao consumo e outros fins”, acrescentou.
Neste trimestre, segundo o BdP, as alterações reportadas na procura de crédito foram “transversalmente justificadas” pelo nível geral das taxas de juro, destacando-se ainda, no segmento dos particulares, a melhoria da confiança dos consumidores.
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