A presidente da Altice disse que a empresa que lidera está habituada a competir e a ter “concorrência feroz”, a propósito da entrada da Digi em Portugal, e quer continuar a apostar na qualidade do serviço e inovação.
“Já temos concorrência feroz, sempre tivemos concorrência feroz”, disse Ana Figueiredo aos jornalistas à margem da assembleia geral da Connect Europe (associação de operadores de telecomunicações), que se realizou em Lisboa, afirmando que “se há empresa neste país que está habituada a competir” é a Altice e considerou que a liderança se deve à “qualidade de serviço”, investimento e inovação.
Instada a comentar a proposta da Digi, a gestora disse que para já a “única variável” que viu foi o preço e que não se pode fazer comparações entre serviços não são equiparáveis, pois “em algumas matérias não estamos a comparar maçãs com maçãs”.
“Eu não conheço o suficiente da Digi. Vamos estar cá para ver e estaremos cá para competir com eles nos aspetos que consideramos fundamentais”, disse.
Sobre se a entrada da nova operadora implicará alterações nos pacotes e preços da Altice, Ana Figueiredo disse que não quer para já comentar as políticas comerciais.
“As políticas comerciais serão, obviamente, implementadas no momento certo. Nós estamos focados, e não quero me repetir, mas vou repetir-me, na qualidade de serviço, em compreender o que é que os nossos clientes necessitam, em dar fiabilidade, porque sabemos que a conectividade hoje é essencial”, afirmou.
Ana Figueiredo foi ainda questionada sobre a oferta de televisão da Digi (que não tem a SIC nem canais de desporto pagos) e se o facto de a MEO (da Altice) ter 25% da Sport TV teve implicações na decisão da Sport TV em não integrar a oferta da DIGI.
A gestora disse que a Altice não tem qualquer influência pois “essas relações são tidas entre o operador e os meios de comunicação social”.
“Nós não interferimos nesse tipo de negociações, nem temos qualquer capacidade de interferir nesse tipo de negociações”, vincou.
Sobre consolidação do setor, a gestora disse que muitas vezes se fala na consolidação de operadores, mas se esquece a consolidação que tem havido nas infraestruturas, que são detidas por poucas empresas e como isso impacta o setor e o investimento que este terá capacidade de fazer.
Esta semana a operadora de origem romena Digi lançou a sua operação em Portugal, com pacotes de televisão, internet e telemóvel.
Em declarações ao Jornal de Negócios, o presidente executivo da Nos admitiu que a entrada da Digi no mercado português pode levar a uma baixa de preços “no imediato”, mas também falou em “consequências terríveis para o país a médio e longo prazo”, por considerar que “vai pôr em causa o investimento sustentável” do setor das telecomunicações.
Miguel Almeida considerou ainda que “a melhor característica que tem [a Digi] é a opacidade”.
Já em entrevista à Lusa, defendeu que “basta que as políticas de concorrência” permitam que as empresas europeias cresçam e se consolidem para que o setor das comunicações possa ser competitivo.
Questionado sobre se a consolidação é inevitável para ganhar escala, remata: “Claro que é, mas (…) os reguladores nacionais e europeus não perceberam isso, porque mais uma vez estamos a privilegiar” a variável concorrência e, assim, a pôr em causa a competitividade das economias, sejam do país como da Europa.
Ainda hoje, num painel durante a assembleia geral da Connect Europe, a presidente da ANACOM (o regulador das comunicações), Sandra Maximiano, considerou que a regulação tem de ser flexível e permitir a inovação, mas que também é necessário que a União Europeia defina a sua política industrial para o setor para que se reveja o modelo de regulação das comunicações até porque é provável que, de futuro, surjam cada vez mais projetos de cooperação entre diferentes setores. (Lusa)