OE2021: A aprovação do Orçamento do Estado para 2021 foi o tema abordado Manuela Ferreira Leite, no seu habitual espaço de comentário no canal da TVI.
Manuela Ferreira Leite considerou que a viabilização do Orçamento do Estado é o que “resta da parceria [do Governo] à Esquerda”, salientando que o PCP “já anda cá há muitos anos”, pelo que a abstenção não foi um resultado “obtido de graça”.
“Foi com uma fatura que é pesada não só em termos de Orçamento em termos de números (foram bastantes milhões de euros), mas também no sentido em que este Orçamento é tudo o que não precisávamos”, comentou a social-democrata.
Ferreira Leite argumentou que “um orçamento não é apenas números”, explicando que “há muitas decisões e influências”, nomeadamente para incentivar o crescimento, fomentar ou retrair as decisões dos empresários, que se manifestam através de sinais “importantes”
“Os sinais que este Orçamento dá, numa situação de crise e de incerteza, e de apelos ao consenso, (…) deu num acordo feito pelo PS e pelo PCP“, afirmou a comentadora, questionando “quantos países na Europa é que existem em que o Partido Comunista [extrema-esquerda], em que alguns deles serão mais evoluídos e menos retrógados que o nosso“, têm um papel tão importante.
A comentadora concorda que o Governo está refém do PCP. “Penso que qualquer pessoa fará essa observação”. “E essa foi uma situação absolutamente construída deliberadamente pelo primeiro-ministro, vá-se lá saber porquê”, constatou Ferreira Leite, acusando o PS de ter “construído esse consenso quando um dia de manhã disse ‘se eu precisar algum dia do PSD, vou-me embora’”.
Com essa afirmação, António Costa “pôs de lado o PSD e ficou refém do Bloco de Esquerda e do PCP”. E “era óbvio que o BE não ia embarcar numa aventura sem dinheiro e sem nada para dar”.
Manuela Ferreira Leite afirmou ainda, nesse sentido, que o BE “entrou na Geringonça porque era o momento de distribuir” e, portanto, “quando viu que íamos para uma crise em que não havia grandes coisas para distribuir (…) pôs-se de lado”.
Não tendo o PSD, nem o Bloco de Esquerda, o Governo “ficou preso ao PCP. E, portanto, agora, o PCP dita as leis neste país”, observou a antiga ministra das Finanças.
“Se olharmos para o Orçamento estão lá medidas verdadeiramente inaceitáveis até do ponto de vista da situação de crise em que estamos”, considerou, apontando a ausência de medidas de incentivo às empresas e de redução de impostos.
“Vejo com imensa preocupação o facto de o ministro das Finanças ter dito que uma das medidas que ele tem como redução de impostos é a redução da retenção na fonte. Espero que as pessoas não caiam neste engodo”, criticou ainda.
O Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) foi aprovado esta quinta-feira, no Parlamento, apenas com os votos favoráveis do PS, e com a abstenção do PCP, PEV, PAN e das duas deputadas não inscritas. (Ag.Lusa)