Estão revoltados e tristes. Contestam medidas concretas que o Governo quer impor, como a mobilidade especial ou o aumento do horário de trabalho. E sentem que a sua profissão está a ser vítima de um ataque e de falta de respeito.
Foi com este sentimento que milhares de professores se manifestaram neste sábado em Lisboa, na antecâmara de uma “grande greve” na segunda-feira, primeiro dia de exames do secundário.
“Os professores deram expressão ao descontentamento em relação a políticas que são inaceitáveis”, resumiu João Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional de Educação (FNE), falando de uma “grande manifestação de professores”: “No mínimo 50 mil pessoas”, estimou este dirigente sindical.
Mário Nogueira, líder da Fenprof, defendeu mesmo que esta manifestação está “ao nível das maiores e a maiores tiveram 100 mil pessoas”. A polícia não quis dar estimativas.
Com um sentimento comum de indignação perante as propostas do Governo, os professores marcharam nas ruas de Lisboa e preparam a greve de segunda-feira. Mário Nogueira disse que espera uma “grande greve” no dia de exame de Português do 12.º ano e Dias da Silva prevê uma “fortíssima adesão”, com base nos contactos que tem feito com professores e estruturas sindicais.
“Milhares de alunos” não poderão realizar as provas, estimou Dias da Silva.
Num discurso final, em que pediu mais uma vez a demissão do Governo, Mário Nogueira apelou aos professores para não se atemorizarem. “Segunda-feira todos na greve. Que os professores não aceitem substituir ninguém e que os directores não sejam paus mandados para fazer tudo. Fraquejar agora seria fatal”, disse o líder da Fenprof.
No meio da multidão – que parecia menor do que na última manifestação de professores –, Cristina Cruz, professora de Português e História, empunhava um cartaz a representar 35 alunos fechados numa jaula. Foi a sua forma de criticar o aumento do número de alunos por turma.
Na segunda-feira, Cristina vai à sua escola em Baião, mas fará greve ao serviço de exames. Diz que o debate sobre se os professores devem ou não fazer greve em dia de exames é “injustificado”, porque, diz, está a lutar por si e pelos alunos.
Leonel Santos, professor há 35 anos, também tem vontade de fazer greve, mas só vai decidir no próprio dia. Sente que os colegas têm grande vontade de aderir à paralisação: “De uma forma geral, os professores estão com vontade de fazer greve mas nota-se que os contratados estão com medo”, disse ao PÚBLICO este professor de Educação Visual e Tecnológica. [icon name=”icon-circle-arrow-right”] Publico