Cientistas suecos e noruegueses demonstrou, num estudo, que é possível manter vivas as células do organismo por mais tempo, se as pessoas tomarem selénio e coenzima Q10.
Os cientistas esperam poder usar estas conclusões para ajudar os mais velhos a manterem-se saudáveis até uma idade avançada.
Todas as células do organismo têm uma esperança de vida, que é possível prolongar, segundo um novo estudo realizado por uma equipa de investigadores suecos e noruegueses.
O estudo, que está publicado na reputada revista internacional Nutrients, focou-se no comprimento dos telómeros, um reconhecido método de avaliar o tempo que resta à célula. Os cientistas estudaram igualmente vários marcadores do envelhecimento, que confirmaram os resultados.
Mediante a administração de suplementação, com selénio e coenzima Q10 ou com placebo, a um grande grupo de idosos – homens e mulheres saudáveis – os cientistas puderam concluir, com base no comprimento dos telómeros, que havia diferença significativa entre os dois grupos.
Os participantes do grupo que tomou os dois suplementos, BioActivo Selénio e BioActivo Q10 Forte, tinham telómeros mais compridos do que os participantes que tomaram placebo. Por outras palavras, a toma das duas substâncias associadas prolongou a vida das células, o que pode ter um impacto significativo na velocidade do envelhecimento.
Os genes estão dispostos ao longo de moléculas de ADN bicatenárias, espiraladas, denominadas cromossomas. Na porção terminal dos cromossomas encontram-se os telómeros, que protegem o ADN contra desgaste ou emaranhamento.
Podem comparar-se às peças de plástico que protegem as pontas dos atacadores. De cada vez que a célula se divide, os telómeros ficam ligeiramente mais curtos. A seu tempo, ficam tão pequenos que a célula deixa de conseguir dividir-se e morre.
Ao que tudo indica, o selénio e a coenzima Q10 conseguem proteger os telómeros, ao retardar o processo de encurtamento, pelo que duram mais.
“O ser humano está sujeito ao envelhecimento, sendo que o aumento do stress oxidativo e a inflamação aceleram o processo, especialmente em situações de falta de selénio e Q10. Contudo, se as pessoas com baixos níveis destes dois compostos tomarem um suplemento, o envelhecimento pode ser retardado”, diz o investigador e professor Urban Alehagen, cardiologista do Hospital Universitário de Linköping, na Suécia.
O estudo recente consistiu em analisar amostras de sangue que a equipa de cientistas recolheu, com regularidade, de mais de 443 participantes no estudo, por um período de cinco anos, como parte do estudo principal, KiSel-10, que foi publicado em 2013, na publicação International Journal of Cardiology.
Neste caso, puderam observar que os participantes que tomaram selénio e coenzima Q10 tinham uma taxa de mortalidade cardiovascular 54% inferior, comparativamente ao grupo placebo.
Normalmente, a doença cardiovascular é a causa principal de morte na idade avançada. Estas constatações despertaram o interesse dos cientistas para procurar uma explicação, pelo que deram início a uma análise sistemática do grande número de amostras de sangue que se encontravam armazenadas em frigoríficos especiais.
Desde a publicação do estudo principal em 2013, foram realizados mais de 20 estudos de seguimento. Na maior parte destes estudos, os cientistas observaram – pela avaliação de vários biomarcadores – que, ao que tudo indica, o selénio e a coenzima Q10 contrariam algumas das alterações biológicas que, normalmente, estão associadas ao processo de envelhecimento.
No estudo mais recente, que é o 23.º sub-estudo, o ponto central foi o comprimento dos telómeros e vários biomarcadores específicos que reflectem a velocidade a que envelhecemos. E, mais uma vez, a equipa de cientistas demonstrou que o selénio e a coenzima Q10 em associação parecem contribuir para a saúde e qualidade de vida das pessoas mais velhas.
Insuficiência de selénio é generalizada
“Até agora, observámos que os dois compostos têm impacto positivo na fibrose, um fenómeno associado ao envelhecimento cardiovascular. Estudámos igualmente outros marcadores e pudemos observar que há relação entre o aporte de selénio e a idade biológica”, esclarece Alehagen.
O aporte médio de selénio em vastas regiões da Europa é relativamente baixo, porque há pouco selénio no solo agrícola comparativamente a outras regiões do mundo.
Os estudos mostram que precisamos de mais de 100 microgramas de selénio por dia, mas o aporte médio é menos de metade deste valor. (Ag.Lusa)