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Lefèvre d’Étaples, queria que as pessoas simples conhecessem a Bíblia

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ELE DEFENDEU A BÍBLIA COM CORAGEM

Lefèvre sabia que a Igreja Católica tinha sido corrompida por ensinos humanos e filosofia. (Marcos 7:7; Colossenses 2:8)

Ele denunciou a hipocrisia deles quando disse: “Eles não estão dispostos a deixar o povo ler o Evangelho de Deus em sua própria língua. Então, como vão ensinar [as pessoas] a obedecer todos os mandamentos de Jesus?”

ERA o começo da década de 1520, em Meaux, uma cidadezinha perto de Paris, na França. As pessoas não conseguiam acreditar no que tinham ouvido na igreja naquela manhã de domingo. Trechos dos Evangelhos foram lidos, não em latim, mas em francês, a língua materna delas!

O tradutor da Bíblia que tornou isso possível foi Jacques Lefèvre d’Étaples (em latim: Jacobus Faber Stapulensis). Ele escreveu a um amigo: “Você nem vai acreditar com que fervor Deus está ajudando [pessoas] simples em alguns lugares a abraçar a Sua Palavra.”

Naquela época, a Igreja Católica era contra o uso de traduções da Bíblia nas línguas faladas pelo povo. Os teólogos em Paris também pensavam assim. Então, o que motivou Lefèvre a traduzir a Bíblia para o francês? E como ele conseguiu ajudar as pessoas simples a entender a Palavra de Deus?

EM BUSCA DO SENTIDO ORIGINAL
Antes de se tornar um tradutor da Bíblia, Lefèvre se dedicava a restaurar o texto original de obras antigas de filosofia e teologia. Ele percebeu que, no decorrer dos séculos, muitos textos antigos tinham sido distorcidos e traduzidos de modo errado. Em sua busca pelo sentido original de escritos antigos, ele começou a analisar a Vulgata latina, que era a tradução da Bíblia usada pela Igreja Católica.

Lefèvre estudou a Bíblia com zelo e sinceridade. Isso o ajudou a ver que “somente o estudo da verdade bíblica dá . . . felicidade plena”. Assim, ele parou de estudar filosofia e concentrou todos os seus esforços em traduzir a Bíblia.

Em 1509, Lefèvre publicou um estudo em que comparou cinco traduções dos Salmos em latim. * Uma das traduções era uma correção que ele mesmo fez da Vulgata. Diferente dos teólogos daquela época, ele se empenhava para transmitir as passagens bíblicas de modo simples e natural. Seu método de explicar as Escrituras teve um impacto muito forte em outros estudiosos da Bíblia e em alguns reformadores. — Veja o quadro “ Lefèvre influencia Martinho Lutero”.

Lefevre-Biblia

Lefèvre era católico, mas acreditava que a Igreja precisava de uma renovação. Ele achava que isso só seria possível se a Bíblia fosse ensinada de forma correta para as pessoas simples. Mas como o povo poderia aprender sobre a Bíblia numa época em que a maioria das traduções era em latim?

UMA TRADUÇÃO DA BÍBLIA ACESSÍVEL A TODOS

Lefevre-Biblia-2Lefèvre amava muito a Palavra de Deus e, por isso, estava decidido a tornar a Bíblia disponível para o maior número de pessoas. Assim, em junho de 1523, ele publicou uma tradução dos Evangelhos em francês. Sua obra tinha dois volumes em tamanho de bolso. Esse formato custava metade do preço de uma edição normal. Dessa forma, até pessoas com poucos recursos podiam comprar uma Bíblia.

A reação do povo foi imediata. Em poucos meses, acabou todo o estoque inicial de 1.200 cópias. Isso mostra que as pessoas estavam realmente ansiosas para ler em sua língua materna as palavras de Jesus.

ELE DEFENDEU A BÍBLIA COM CORAGEM
Na sua introdução dos Evangelhos, Lefèvre explicou por que fez a tradução para o francês. Ele queria que os “membros mais simples” da Igreja tivessem “certeza da verdade dos Evangelhos, assim como as pessoas que leem em latim”. Mas por que Lefèvre queria tanto ajudar o povo a entender a mensagem original da Bíblia?

Ele sabia que a Igreja Católica tinha sido corrompida por ensinos humanos e filosofia. (Marcos 7:7; Colossenses 2:8)

Lefèvre estava convencido de que era a hora de “pregar a verdade pura [dos Evangelhos] em todo o mundo, para as pessoas não serem mais desencaminhadas por ensinos de homens”.

Lefèvre também se esforçou para expor os argumentos fracos daqueles que eram contra a tradução da Bíblia em francês. Ele denunciou a hipocrisia deles quando disse: “Eles não estão dispostos a deixar o povo ler o Evangelho de Deus em sua própria língua. Então, como vão ensinar [as pessoas] a obedecer todos os mandamentos de Jesus?” — Romanos 10:14.

Como era de se esperar, teólogos da Universidade de Paris (a atual Sorbonne), logo tentaram impedir o trabalho de Lefèvre. Em agosto de 1523, eles se declararam contra traduções na língua do povo e contra qualquer texto que falasse sobre a Bíblia, alegando que isso era “prejudicial à Igreja”. Se não fosse a ajuda do rei Francisco I, da França, Lefèvre teria sido condenado por heresia, ou seja, rebeldia contra a Igreja.

O TRADUTOR SILENCIOSO TERMINA SUA OBRA
Lefèvre não deixou que os debates sobre seu trabalho atrapalhassem sua tradução da Bíblia. Em 1524, depois de terminar a tradução das Escrituras Gregas (ou Novo Testamento), ele lançou uma tradução dos Salmos em francês. Ele queria que os fiéis pudessem orar “com mais devoção e sentimento”.

Os teólogos de Sorbonne não perderam tempo. Eles começaram a passar um pente fino nas obras de Lefèvre. Logo, mandaram queimar publicamente a tradução das Escrituras Gregas que Lefèvre tinha feito. Também afirmaram que algumas obras dele estavam “contribuindo para a heresia de Lutero”.

Quando os teólogos o convocaram para dar explicações, ele preferiu ficar em silêncio. Daí, fugiu para Estrasburgo e continuou a traduzir a Bíblia sem chamar a atenção. Alguns disseram que Lefèvre foi covarde ao agir assim. Mas ele acreditava que essa era a melhor forma de lidar com os que não valorizavam as “pérolas” da Bíblia. — Mateus 7:6.

Quase um ano depois, o rei Francisco I escolheu Lefèvre como instrutor do seu filho Carlos, que tinha 4 anos. Com isso, Lefèvre passou a ter tempo suficiente para traduzir a Bíblia. Em 1530, sua tradução da Bíblia inteira foi publicada, mas não na França. Ela foi impressa em Antuérpia, na Bélgica, com a aprovação do imperador Carlos V.

UMA GRANDE CONTRIBUIÇÃO
Durante toda a sua vida, Lefèvre esperava que a Igreja abandonasse as tradições inventadas por homens e se apegasse à verdade pura da Bíblia. Ele acreditava que “todo cristão tem o direito, e mais do que isso, o dever, de ler e aprender da Bíblia por si mesmo”.

Foi por isso que ele se esforçou tanto para tornar a Bíblia acessível a todos. Seu desejo de ver a renovação da Igreja nunca se realizou. Mas ninguém pode duvidar que ele conseguiu ajudar as pessoas simples a conhecer a Palavra de Deus.

^ O Quincuplex Psalterium contém cinco traduções dos Salmos em colunas separadas e inclui uma tabela com títulos dados a Deus. A tabela apresenta também o Tetragrama, as quatro letras hebraicas que representam o nome de Deus.

^ Cinco anos depois, em 1535, Olivétan, outro tradutor francês, lançou uma tradução da Bíblia baseada nos idiomas originais. Ele usou as obras de Lefèvre como base para traduzir as Escrituras Gregas.

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