O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu ao primeiro-ministro do país, Gabriel Attal, que se mantenha no cargo “por enquanto”, para “garantir a estabilidade do país”, segundo o Le Figaro.
Attal tinha pedido a demissão na sequência das eleições legislativas deste fim de semana, em que a coligação de Esquerda Radical (Nova Frente Popular).
O Ensemble, agrupamento centrista e liberal encabeçado pelo Renascimento de Macron, ficou em segundo lugar, seguindo-se o União Nacional (UN).
Attal tinha afirmado, no domingo, que poderia permanecer no cargo “enquanto o dever o exigir”. França, recorde-se, está prestes a receber os Jogos Olímpicos, que arrancam no país a 26 de julho.
“Assumirei obviamente as minhas funções durante o tempo que o dever exigir”, disse, numa intervenção na residência oficial do primeiro-ministro, quando foram anunciadas as primeiras projeções que davam uma vitória clara à Nova Frente Popular. O governante aproveitou para “felicitar os 577 deputados eleitos”.
“Não escolhi esta dissolução, mas recusei-me a submeter-me. Decidimos lutar. Alertei para o risco de uma maioria absoluta da França Insubmissa ou da União Nacional e para o risco de desaparecimento do nosso movimento. Estes três riscos foram afastados pelos franceses. Devemos isso a este espírito francês, apegado aos seus valores”, argumentou.
O centro “está vivo e de boa saúde” graças à “determinação” dos seus representantes, sublinhou Attal, notando que o movimento Juntos que apoia terá “três vezes mais deputados do que as estimativas sugeridas no início desta campanha”.
A aliança de esquerda Nova Frente Popular, que junta socialistas, ecologistas e comunistas e é liderada pela França Insubmissa (LFI, partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon) arrecadou 182 lugares, seguida pelos 168 governantes eleitos pelo Ensemble (Juntos), agrupamento centrista e liberal encabeçado pelo Renascimento.
A União Nacional e aliados, por sua vez, ficaram-se pelos 143 lugares, muito acima do seu melhor resultado anterior, de 89 cadeiras em 2022.
As mais recentes eleições legislativas foram marcadas pela alta afluência dos eleitores: 66,63%, contra os 46,23% registados em 2022.
Na primeira volta, em 30 de junho, o partido de extrema-direita conseguiu vencer pela primeira vez as eleições legislativas, ao obter 33,1% dos votos e quase duplicar o seu apoio desde que a França elegeu a sua Assembleia Nacional pela última vez, em 2022.
Seguiu-se a aliança de esquerda Nova Frente Popular (que junta socialistas, ecologistas e comunistas e é liderada pela França Insubmissa (LFI), partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon), com 28%.
O Ensemble (Juntos), agrupamento centrista e liberal encabeçado pelo Renascimento, partido do Presidente Emmanuel Macron, obteve 20%.
As legislativas francesas foram convocadas por Macron após a derrota do seu partido e a acentuada subida da União Nacional nas eleições para o Parlamento Europeu de 09 de junho. A escolha de um novo executivo deveria ocorrer apenas em 2027.
Emmanuel Macron ainda tem três anos de mandato presidencial. Espera-se que os legisladores recém-eleitos reúnam-se na Assembleia Nacional para iniciar negociações sobre os possíveis acordos partidários.
Entrentanto, Macron deverá viajar para uma cimeira da NATO em Washington, que se realiza entre terça e quinta-feira.
O impasse político poderá ter implicações de longo prazo, nomeadamente para a guerra na Ucrânia, para a diplomacia global e para a estabilidade económica da Europa.